25 de mai. de 2012

Medo


"Um dos efeitos do medo é perturbar os sentidos e fazer com que as coisas não pareçam o que são." - disse Miguel de Cervantes em Dom Quixote, século XVII

O distúrbio do medo patológico pode se apresentar como Fobia Específica, quando o pavor tem um objetivo certo, como por exemplo, medo de animais, de escuridão, de água, altura, etc.

Pode ainda se apresentar como Fobia Social, na qual o horror é de sentir-se objeto de observação e avaliação pelo outros como, por exemplo, falar em público, escrever diante da observação dos outros, comer em público, etc. Pode também surgir sob a forma de Ataques de Pânico, onde o paciente passa a ser acometido, de uma hora para outra, de sintomas físicos terríveis, sem que saiba identificar exatamente o que o ameaça.

Alguns cálculos atuais mostram que em torno de 25% da população teve, tem ou terá, em algum momento da vida, um episódio de Fobia. No Brasil, como de praxe, não há números nacionais a respeito do assunto. Hoje em dia aceita-se, com um pouco de incerteza, que esse distúrbio atinge duas vezes mais mulheres que homens.


Medos e Fobias
O medo, mais precisamente, o medo patológico e que limita de alguma forma a vida das pessoas, vem aparecendo com freqüência cada vez maior em consultórios psiquiátricos e clínicas psicológicas. Esse medo patológico se diferencia do medo normal por várias razões:
- Não ter razão objetiva;
- Não tem base na realidade concreta;
- O próprio paciente sabe ser absurdo o que sente;
- Provoca uma aflição (ansiedade) desmedida e
- É acompanhado de sintomas físicos (falta de ar, sudorese, etc)
A boa notícia é que, ao contrário de antigamente, quando o fóbico ia progressivamente se retraindo e se isolando cada vez mais, hoje em dia um grande contingente de doentes se vê estimulado a procurar ajuda especializada. Essa diferença de postura deve-se, sem dúvida, aos avanços dos novos medicamentos e à eficácia dos tratamentos.

Os quadros de Fobias e de Pânico estão relacionados aos quadros de ansiedade patológica, de angústia e, principalmente, de depressão, neste caso, de Depressão Atípica.

Em suas manifestações mais agudas, tanto as Fobias quanto o Pânico são altamente limitantes e quase sempre expõem os pacientes a todo tipo de vexames. O medo de elevador pode fazer com que uma pessoa simplesmente se recuse a trabalhar ou morar em edifícios, o de avião impede passeios (de toda família), o de dirigir é muito mais problemático ainda... Além da sensação de medo, propriamente dita, que aparece durante a circunstância que dá a fobia, há ainda o medo antecipatório, fazendo a pessoa suar frio só de pensar em se sentar à direção de um carro.

Na Fobia Social a pessoa é incapaz de conversar com pessoas supostamente diferenciadas, como o chefe, por exemplo, ou trocar opiniões com os colegas de trabalho, expor suas idéias numa reunião. O Pânico costuma ser mais incapacitante ainda. Profissionais podem até interromper sua carreira por causa do problema. No Pânico, repentinamente a pessoa começa a tremer, é tomada pela tontura, a pressão arterial dispara, o coração bate descompassado. Os sintomas são parecidos com os de um infarto, e, nesse instante, a morte ou a loucura iminentes parecem certas.

Depois da primeira crise de Pânico o paciente costuma submeter-se a uma batelada de exames clínicos, e embora não haja nada de errado as crises continuam. Um dos piores aspectos do Pânico é o "medo de ter medo". Apavorada com a idéia de voltar a sentir os sintomas, a pessoa passa a fugir dos ambientes em que os ataques ocorreram, como se tal atitude pudesse evitá-los. É por essa razão que tantas vítimas acabam se trancando em casa.

Além das crises características de Pânico, outros sintomas podem aparecer, como por exemplo o medo de engasgar com um simples grão de feijão, medo de qualquer comprimido, sensação de se afogar no chuveiro, etc.

Há cerca de um século começaram as primeiras investigações sobre a origem dessas desordens emocionais que atingem milhões de pessoas em todo o mundo. Um ramo da pesquisa, que se utiliza do modelo biopsicológico, derivado da psicologia comportamental, vêm encontrando grande ressonância entre os médicos e terapeutas que lidam com esse assunto. De acordo com esse ponto de vista, o medo patológico é apenas a expressão de uma angústia mais profunda, e não deve ser considerado uma doença em si.

Outro ramo da pesquisa, com visão mais neurológica e orgânica, tenta delimitar as áreas do cérebro responsáveis pelo medo patológico, bem como os elementos cerebrais (neurotransmissores e neuroreceptores) relacionados por ele. Por causa desse tronco da pesquisa científica foram encontradas várias substâncias reconhecidamente eficientes no tratamento do Pânico, da Fobia e da

Depressão.
Do ponto de vista neuropsiquiátrico, sabe-se hoje que as amígdalas, que são estruturas cerebrais localizadas na região das têmporas e têm a função de identificar situações de perigo, enviam ao hipotálamo, local de controle global do sistema endócrino, o sinal para que certas reações sejam deflagradas, como por exemplo, a reação de estresse.

Essas amígdalas reconhecem uma ameaça porque são alimentadas pelo Sistema Límbico, a parte do cérebro que constitui uma espécie de banco de memória das ameaças à pessoa, portanto, de memória do medo. No sistema límbico estão armazenadas as informações que remetem a temores de nossos ancestrais, como os de animais ferozes, do fogo ou escuridão. Além disso, o Sistema Límbico registra dados que se referem a experiências em que o medo foi adquirido por aprendizado ou por trauma. De acordo com pesquisas recentes, os fóbicos apresentariam uma hiperatividade nessa região do cérebro.

Os pesquisadores agora se empenham na verificação se esse sistema todo seria regulado por duas substâncias chamadas de neurotransmissores, a serotonina e a noradrenalina. São essas mesmas duas substâncias que se relacionam ao humor e às sensações de prazer e bem-estar.

A história dos antidepressivos, usados também para combater Fobias e Pânico, está intimamente ligada aos avanços nessa direção. No início, as esperanças depositavam-se sobre medicamentos como Anafranil® e Tofranil®, ambos antidepressivos com ação sobre a química cerebral sem muita especificidade. A constatação de que a serotonina tinha um papel preponderante nesse processo, propiciou a criação de medicamentos que atuam especificamente sobre esse neurotransmissor.

Foi assim que se chegou ao Prozac® e o Zoloft®, os quais interferem especificamente no neurotransmissor serotonina. Depois desses medicamentos, outros da mesma linhagem foram sendo desenvolvidos, como o Aropax®, Luvox®, Serzone®, Efexor®, e assim por diante. Depois de alguns anos acompanhando casos e mais casos de Fobias e Pânico, pode-se afirmar hoje, com certeza, que esses medicamentos são indispensáveis e insuficientes para a cura do problema.
Já se constatou que o tratamento medicamentoso é muito mais eficaz quando associados a psicoterapia e vice-versa. Isoladamente, tanto os medicamentos quanto a psicoterapia, servem mais para controlar a intensidade dos sintomas – o que, sem dúvida, faz uma enorme diferença para os que sofrem desses problemas, mas a resolução definitiva fica muito mais próxima com os dois tipos de tratamento conjuntamente.

Fobia de Lugares AbertosComo vimos, a Fobia Social faz com que a pessoa sofra ataques de Pânico cada vez que põe os pés para fora de casa. Inicialmente esse transtorno ansioso começa com uma estranha sensação ao atravessar uma rua, por exemplo, ou ao participar de uma reunião de trabalho ou coisa assim.

A sensação pode ser de uma súbita tontura, uma forte pressão no peito e um pavor irracional de cair no chão. Algumas pessoas começam com uma crise leigamente (e erradamente) tida como labirintite.

Esse pode ser o primeiro sinal de que algo esta fora de controle e, logo os episódios se tornaram freqüentes. O mal-estar volta a aparecer quando a pessoa se sente em situação de tensão, como em supermercados, no trânsito, no banco, no ônibus, avião, etc. Sair de casa se torna um sacrifício.

Na psiquiatria, esse medo relacionado a espaços abertos chama-se agorafobia, um transtorno que 25% da população está sujeita a sofrer, pelo menos uma vez na vida. Então, resumindo, entre essas manifestações da ansiedade patológica tem as chamadas Fobias Específicas, como o nome diz, específicas de determinadas situações ou objetos (barata, seringa de injeção, elevador, altura) e tem a Fobia Social, que acaba por fazer com que a pessoa tenha verdadeiro pavor de gente e as tarefas sociais banais, como assinar um documento ou comer na frente dos outros, transformam-se num tormento.

Fobia SocialA Fobia Social é o medo patológico de comer, beber, escrever, telefonar, enfim, de agir diante dos outros com risco de parecer ridículo ou inadequado. Em casos extremos, pode resultar em total isolamento. A principal característica dos fóbicos sociais é a ansiedade antecipatória, mal estar que aparece só de pensar na necessidade de falar numa reunião marcada para daqui a três semanas, de receber uma visita, de ter que ir a um casamento ou coisa assim.
Uma das queixas mais ouvidas na Fobia Social é do tipo: “é só eu sair de casa que as pernas tremem, as mãos suavam, sinto palpitações, falta de ar e sensação de que vou ter alguma coisa”. E o quadro se mantém na rua, no ônibus, dentro da sala de aula, no supermercado, no banco, etc.
O fóbico começa a sofrer desde a hora em que recebe a notícia de seu compromisso e os sintomas crescem como uma bola de neve quanto mais vai se aproximando o momento da provação. Na hora H a pessoa começa a prestar muita atenção no seu desempenho, começa a se preocupar demais com o que os outros estarão pensando e, num círculo vicioso, as coisas tenderão a fugir completamente de controle.
No controle das Fobias, aliar terapia comportamental ao uso de antidepressivos parece ser a chave do sucesso. Na terapia, o paciente aprende a enfrentar situações aterrorizantes, para ele, com mais segurança e a otimismo. Sob o efeito dos remédios, consegue impedir que sintomas físicos, tão desagradáveis, como suar demais ou uma súbita vontade de ir ao banheiro, fujam do controle. Isso acaba por devolver ao paciente a auto-estima necessária para sentir segurança naquilo que faz ou fará. Hoje em dia tem se considerado como ideal de tratamento a terapia comportamental ou cognitiva individual, associada a antidepressivos.

Fobia de Assalto em CriançasAtualmente tem sido relativamente comum crianças com menos de 10 anos sofrendo de Fobia de assalto. Depois da experiência, cada vez mais comum, de ter vivenciado algum assalto ou de ficar sabendo de alguma ocorrência desse tipo em alguém mais próximo, a criança vai ficando cada vez mais com medo, a ponto de sofrer exageradamente.

Nas classificações de transtornos emocionais esse quadro pode ser denominado Transtorno por Estresse Pós-Traumático mas, por razões didáticas, o conceito de fobia pode ser muito bem aplicado aqui. O comportamento dessas crianças começa a mudar. Começam a ter medo de ir para algum cômodo vazio ou escuro da casa, ficam apavorados de sair na rua, aderem insistentemente à mãe ou ao pai, pedem para dormir no quarto dos pais. Posteriormente passam a acordar sobressaltados no meio da noite.

Em seguida, a criança com fobia de assaltos pode deixar de querer ir à escola e de sair para brincar com outras crianças. Manifestam preocupação exagerada pelos pais e irmão e sentem muito medo de que alguém da minha família morra ou seja assaltado.

Fobia ou Medo de Barata?Muitas pessoas costumam dizer que têm fobia de barata, entretanto, de fato, muitas vezes sentem apenas medo (ou asco) do animalzinho. Para ser considerado Fobia esse sentimento deve ser, primeiro, desproporcional e absurdo. Segundo, a pessoa tem que apresentar os chamados sintomas autossômicos (falta de ar, sudorese, palpitação, mãos frias, etc.) diante da barata. Não é raro as pessoas fazerem um certo escândalo diante da barata, porém, não havendo platéia pegam um chinelo e esmagam o inseto.
O fóbico entretanto, simplesmente não dorme enquanto não tiver certeza absoluta que o quarto está livre de baratas. Ele passa mal dian te da idéia de haver uma barata dentro do quarto, ou da casa.

Fobia e Medo de Dirigir?
Para quem dirige, normalmente sentar-se no banco do carro, dar partida, engatar a marcha e sair com o carro são ações tão naturais e automáticas quanto escovar os dentes ou levar um copo à boca. Entretanto, para muitas pessoas, a simples idéia de guiar um carro pode causar verdadeiro pânico. Algumas pessoas desenvolvem Fobia do volante, mesmo depois de algum tempo de direção normal.

Essas pessoas se sentem incomodadas só de imaginar que poderão cometer alguma barbeiragem, prejudicar o trânsito e, em seguida, alguém poderá buzinar agravando ainda mais o nervosismo.

Quando esse medo é intransponível e seguido de sintomas autossômicos (falta de ar, sudorese, palpitação, mãos frias, etc.), estamos diante da Fobia, propriamente dita. Quando a pessoa não passa mal mas, apesar disso, evita a todo custo dirigir, então é apenas medo de dirigir.

O medo de dirigir, quando aparece depois da pessoa já ter dirigido normalmente, reflete grande insegurança, e esta, por sua vez, seria conseqüência de uma baixa auto-estima a qual, finalmente, refletiria um estado depressivo. É por isso que o tratamento de escolha para o medo de dirigir é com antidepressivos associados à psicoterapia.

Medo de Avião O medo de avião não é exclusividade de quem nunca viajou. Ele afeta, indiscriminadamente, passageiros novos e veteranos. É um Pânico inexplicável que se manifesta das mais diferentes formas. Em algumas pessoas, as mãos suam e gelam antes mesmo de o avião começar a se mover. Outras pessoas sentem palpitações, tonturas e náuseas. Há casos de gente que tem insônia na véspera da viagem, que se caracteriza como ansiedade antecipatória.

Algumas dessas pessoas com medo de avião, simplesmente deixam de voar, outras, curiosamente, desenvolvem um impressionante repertório de superstições para alívio da ansiedade quanto têm mesmo de viajar. Há quem viaja somente na primeira fileira para sair mais rápido em caso de pouso forçado. Outros carregam santinhos, costumam se benzer ou fazer “simpatias”, só embarcam com o pé direito ou evitam ir ao banheiro para não "desequilibrar" a aeronave e coisas assim.

Para quem tem medo de avião, não adianta explicar que apenas um entre trocentos vôos acabará em desastre, pois o fóbico sempre viverá na expectativa de que o vôo fatídico será justamente o dele.

Há dois tipos principais de medo de avião. Um deles diz respeito ao pavor de um acidente aéreo, medo da catástrofe. Outro representa o medo de passar mal no avião e não poder ser atendido, não poder mandar o avião parar para descer. Esse último está mais relacionado às síndromes ansiosas, do tipo Pânico ou Fobia.

No primeiro caso, no medo de acidente aéreo, o tratamento de escolha é predominantemente psicoterápico e, de preferência, com a chamada terapia cognitiva (veja o quadro). No medo de passar mal no avião e não ser atendido “a tempo”, usa-se com sucesso o tratamento antidepressivo.

Medo Normal e Patológico Todos nós temos algum grau de ansiedade ou timidez e, quando isso se manifesta, normalmente é acompanhado por uma indefinida sensação de mal-estar. Mas é benéfico experimentar ansiedade em certas circunstâncias e, de certa forma, a ansiedade normal até favorece a adaptação do ser humano a novas situações.

O medo ou ansiedade normais e provocado pela necessidade de fazer uma palestra ou dar uma aula, submeter-se à entrevista para emprego, etc., faz com que a pessoa fique mais alerta, mais preparada e, portanto, mais apta ao sucesso. Para o fóbico, entretanto, a ansiedade é patológica e não dá bons resultados. Ao contrário, ela compromete o sucesso, paralisa, descompensa e faz perder o controle. Nos casos de Fobia, há uma resposta ansiosa inadequada a determinado estímulo que, nas pessoas normais, determinaria uma resposta ansiosa mais adequada.

Assim sendo, a Fobia nada mais é do que uma reação ansiosa exagerada, fazendo com que o Sistema Nervoso Central tome por situações de risco os estímulos banais e inofensivos do dia-a-dia. Hoje, diante de quadros que faz a pessoa sentir palpitações, suar em bicas e até perder os movimentos diante de determinado objeto ou situação são sinais facilmente diagnosticados como Fobia. Muitas vezes, a Fobia aparece junto com quadros graves de Depressão (em torno de 50% dos casos) e de Síndrome do Pânico (60%), ou leva à dependência de álcool (20%).

A Personalidade do FóbicoRecentemente aventou-se a possibilidade dos fóbicos, de maneira geral, apresentarem alguns traços de personalidade em comum. Normalmente, são pessoas que tiveram uma educação rígida, estimuladora da ordem, da conseqüência e do compromisso. Costumam ser pessoas excessivamente preocupadas com o julgamento alheio, com a opinião dos outros a seu respeito, são perfeccionistas e determinados. Com essas características os portadores de fobia costumam ter alto senso de responsabilidade, bom desempenho profissional e avidez pelos desafios da vida social.

Mas a origem da fobia ainda é misteriosa, concorrendo para tal, desde a herança genética dos traços ansiosos da personalidade, até a aprendizagem das reações diante do perigo, passando pelas alterações dos neurotransmissores. Geneticamente já se sabe que os filhos de pais fóbicos têm 15% de possibilidade de perpetuar o comportamento na idade adulta. A medicina sabe também que, entre as pessoas com traços de timidez na personalidade, 2% vai desenvolver Fobia Social no decorrer da vida.

TRATAMENTOS PSICOLÓGICOS
Tipo
Indicação
Como Funciona
Terapia Comportamental
Fobias em Geral
A técnica básica consiste em expor gradualmente o paciente à situação que lhe causa medo, a fim de que possa superá-lo. Quem não consegue dirigir, por exemplo, começa o tratamento com sessões nas quais apenas dá partidas no carro. O passo seguinte é estimular a pessoa a dar algumas voltas pelas redondezas de sua casa. As distâncias dos passeios vão aumentando progressivamente, até que ela se sinta segura para guiar numa estrada
Terapia Cognitiva
Fobia Social, medos em geral
O paciente é levado a analisar racionalmente seus medos, comparando os dados da realidade com suas idéias pessimistas. Uma pessoa que teme falar com seus superiores no trabalho é questionada sobre se realmente há motivos para tanto. O terapeuta pode perguntar a ela se já foi ridicularizada, humilhada, criticada em público etc. A partir das respostas, que geralmente são negativas, ela vai descobrindo como sua patologia não tem razão de ser. Depois de algum tempo, o paciente é estimulado a enfrentar as situações que lhe dão angústia, de forma semelhante ao que acontece na terapia comportamental
Terapia Interoceptiva
Transtorno de Pânico
Estimula-se o paciente a deflagrar em si mesmo os sintomas físicos do Pânico, como vertigens, tonturas, falta de ar e taquicardia. O propósito é ensinar uma técnica de respiração abdominal que ajuda a controlar essas sensações ruins. Para provocar uma tontura, o paciente pode ser colocado numa cadeira giratória, que é movimentada com rapidez. Quando atinge um estado semelhante ao que experimenta nos ataques de Pânico, ele deve começar a respirar pelo nariz, de forma lenta e profunda, a fim de que o ar chegue ao abdome. Em seguida, deve expirar vagarosamente pela boca. A técnica não cura, mas pode atenuar em até 50% a incidência dos sintomas de Pânico. Além disso, ao perceber que durante uma crise ele possui algum controle sobre seu corpo, o paciente adquire mais confiança e acaba por temer menos as situações que detonam os ataques




A Química do Medo
Como o corpo reage numa situação de ameaça, seja ela real ou não:
1. Cérebro: as estruturas responsáveis por iniciar a reação a estímulos amedrontadores são as amígdalas cerebrais, localizadas na região das têmporas. Elas enviam um sinal ao hipotálamo, região de controle do metabolismo, para que seja intensificada a produção de adrenalina, noradrenalina e acetilcolina. Em uma fração de segundo, a descarga dessas substâncias causa alterações no funcionamento de diversas partes do corpo

2. Olhos: a química do medo faz com que as pupilas se dilatem. Isso diminui a capacidade de a pessoa reparar nos detalhes que a cercam, mas aumenta o poder de visão geral. Em tempos ancestrais, esse recurso permitia que o homem identificasse no escuro das cavernas um predador e as possíveis rotas de fuga

3. Coração e pulmões: o aumento do nível de adrenalina eleva os batimentos cardíacos. A maior irrigação sanguínea faz com que cérebro e músculos trabalhem mais intensamente, deixando a pessoa alerta e ágil. O fato de o coração bater acelerado exige maior oxigenação ­ daí por que a respiração se torna mais curta, ofegante

4. Estômago: muitas pessoas, em situações de medo, sentem dor na região estomacal devido ao aumento na produção de acetilcolina. A liberação em maior quantidade de sucos gástricos acelera a digestão e a transformação dos alimentos em energia.

18 de mai. de 2012


HOJE DIA 18 TEMOS DOIS MOVIMENTOS IMPORTANTÍSSIMOS

A LUTA ANTIMANICOMIAL

E O DIA DE COMBATE AO ABUSO E A EXPLORAÇÃO SEXUAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES

DIVULGUE - REFLITA - QUESTIONE - DENUNCIE

Aqui um link muito útil para pais, professores, educadores, instituições e todas as pessoas que estão envolvidas com os cuidados e educação de crianças e adolescentes:
 Caderno de violência doméstica e sexual contra crianças e adolescentes

18 de maio Dia da Luta Antimanicomial



Em nome da proteção  e do cuidado, que formas de sofrimento e exclusão temos produzido?


No ano em que se comemora os 50 anos da regulamentação da Psicologia no Brasil, o tema da Semana da Luta Antimanicomial nos remete às motivações dos primeiros tempos de organização do movimento antimanicomial e traz uma oportunidade de reflexão. Para tanto,é necessária uma análise crítica, não moralista e não conservadora, dos atuais discursos e práticas relacionadas as questões de Saúde Mental no estado de São Paulo.

Atualmente o uso abusivo de drogas é identificado como epidemia e associado à marginalidade avançada, alimentando a cultura do medo que produz pânico e autoriza a violência. Apesar dos mecanismos legais de regulamentação, na ânsia do governo em limpar das ruas os “indesejáveis”, observa-se no cotidiano ações violadoras de direitos, uma polícia repressora e sem acolhimento e práticas de cuidado desarticuladas.
Tudo isso reforça o ataque aos direitos humanos, aos princípios do SUS e da reforma psiquiátrica, quando assistimos à retomada das internações involuntárias e compulsórias em clínicas privadas.

Diversas ações apresentadas como acolhimento e tratamento, na verdade configuram-se em práticas manicomiais, numa reedição das políticas higienistas do século XIX, com a medicalização e o encarceramento dos desajustados. As saídas apressadas, preconceituosas e criminalizadoras encontram contraponto naquilo que foi construído pelos movimentos sociais antimanicomiais e preconizado na Rede de Atenção Psicossocial e nos princípios e diretrizes da Reforma Psiquiátrica.
Entendemos e lutamos para que o local de acolhimento e tratamento continue sendo a rede aberta do SUS. É urgente promover modelos centrados no desenvolvimento de projetos de cuidado, no território do sujeito e suas redes sociais. É fundamental a revisão crítica do papel hegemônico e centralizador dos hospitais psiquiátricos, o respeito aos direitos humanos e civis dos loucos e usuários de drogas, enfim, dos mais vulneráveis.

Nossa posição é coerente com a ampla mobilização social que resultou na IV Conferência Nacional de Saúde Mental e XIV Conferência Nacional de Saúde, fóruns legítimos de um estado democrático de direito, que decidiram: comunidades terapêuticas não cabem no SUS, bem como as internações compulsórias.

Para contribuirmos com essa reflexão preparamos uma semana de debates, manifestações públicas, eventos culturais e festivos, para comemorarmos as conquistas importantes já alcançadas! Confira a programação que preparamos e sinta-se à vontade para contribuir para a construção de um mundo mais solidário e menos repressor.

Clique aqui e e leia a Carta Aberta da Frente Estadual da Luta Antimanicomial sobre o Ato de 18 de maio